Inspirados pela vida – nem sempre repleta de episódios felizes -, o Editors lançou nesta sexta-feira (9) seu sexto álbum de estúdio. Violence é um reflexo dos últimos acontecimentos em escala global e que afetam direta ou indiretamente nossas trajetórias. O Portal ROCKline ouviu o novo trabalho com exclusividade na semana passada e bateu um papo com o baterista Edward Lay, que contou suas impressões sobre o disco, bem como suas expectativas sobre uma possível vinda ao Brasil.
Portal ROCKline – Vou começar pela pergunta que os fãs brasileiros querem saber. Por que a banda ainda não fez shows na América do Sul? Vocês precisam conhecer as melhores plateias do mundo.
Ed Lay – A gente sempre ouve de outros artistas o quão incrível são as plateias na América do Sul, que os fãs são muito entusiasmados, que recebem muito bem as pessoas. Mas o Editors já é uma banda um pouco mais “velha”, o que dificultaria uma turnê por toda a América do Sul. Mas tocar no Brasil é uma ideia que passa por nossa cabeça.
E não existe alguma previsão de vocês virem para cá? Os festivais acontecem entre fevereiro e março…
Sabemos que essa é a época dos festivais por aí. Para você ter ideia, aonde estou neste momento está nevando muito forte. Estar em um lugar tão bonito como o Brasil é quase como um sonho, uma excelente oportunidade de escapar deste frio congelante. Mas não existe nada concreto ainda, infelizmente.
Vamos falar do novo álbum, começando pela capa. É uma imagem chocante, principalmente nesse momento em que o mundo vive com tanta patrulha sobre a arte. Foi intencional juntar essas imagens e o título Violence para tirar as pessoas da zona de conforto?
Sim. Ela imediatamente faz com que as pessoas prestem atenção. Uma boa razão para ter este titulo e uma capa como esta é o fato de vivermos em uma época onde as pessoas optam pela violência muito rapidamente, seja no trabalho ou em família, e isso é muito triste. Nós todos somos assim e estamos descontentes com a situação em que o mundo se encontra. É desconfortável ler tantas histórias absurdas na internet ou vermos na TV tantas tragédias acontecendo.
Eu vejo a parceria de vocês com o Rahi Rezvani da mesma forma que o Anton Corbijn e o Depeche Mode tinham nos anos 90. O que a banda mais gosta no trabalho dele que tanto os inspira a continuarem trabalhando juntos?
Estamos juntos há muito tempo. Ele nos inspira e parece que ele também se inspira em nós. Ele tira o nosso melhor e a gente permite que ele nos coloque numa posição desconfortável até. Talvez isso não aconteceria com outros fotógrafos. Essa relação é importante para nossa banda. O melhor de Rahi é que ele ama imperfeições. Ele faz coisas feias ficarem bonitas e nós gostamos dessa construção.
“Magazine” é uma canção que vocês deixaram guardada por alguns anos. Ela tem um viés político sem abrir mão de um certo tipo de humor. Foi inspirada em alguém em especial?
Eu não sei ao certo… Até acho que sim, mas creio que o Tom [Smith, vocalista] nunca irá nos contar. Mas, levando para um nível acima, ela é um recado direto sobre como as pessoas são extremamente manipuladoras e querem nos dizer o que fazer a todo tempo. Assim como as propagandas, que nos dizem como agir em diferentes situações, seja através do poder, corrupção ou mentiras. Acho que esta é uma música muito inteligente, uma música pop com muito conteúdo.
Outra canção que vocês resgataram do arquivo foi “No Sound But The Wind”. Particularmente foi a que mais me emocionou. É quase uma declaração de amor incondicional que eu poderia cantar para meu filho.
Essa é uma musica antiga. Há umas versões mais antigas e tentamos muitas vezes trabalhar nela e colocá-la em um disco. Todo o resto do disco é grandioso, tem momentos de brutalidade e precisávamos de um momento de calma para refletir em outras coisas. Então, ela pareceu ser importante para este álbum. Foi o momento certo.
Qual é a sua favorita deste novo álbum?
Minha favorita é “Nothingness”. Foi a faixa que passei mais tempo trabalhando em estúdio. E depois da mixagem ela cresceu tanto. É muito boa mesmo.
A necessidade de conexão humana como uma fuga do mundo exterior é algo presente nas letras de Violence. A inspiração para elas veio de algum acontecimento real na vida de vocês ou é uma percepção de mundo apenas?
Acredito que este álbum foi muito mais inspirado pela vida do que qualquer outro que já fizemos. Desde que lançamos nosso último disco [In Dream, 2015] aconteceram os ataques numa casa de show em Paris, onde tocamos em nossa última turnê. Isso foi muito doloroso pra gente. E de lá pra cá tivemos o Brexit, Trump, o fenômeno das fake news, a crise dos refugiados… Tudo isso realmente refletiu neste disco musicalmente e nas letras.
Vocês recorreram aos sons eletrônicos e agressivos do Blanck Mass e ao produtor Leo Abrahams que manteve a essência da banda. Depois de trabalharem sozinhos no In Dream, como é lidar com opiniões diferentes na gravação de um novo trabalho?
Bem, inicialmente pensamos que poderíamos fazer tudo sozinhos novamente, como foi em In Dream. Essa era nossa intenção. Então nos isolamos e tentamos fazer daquele modo. Porém, no melhor estilo Editors, percebemos que não conseguiríamos e tivemos que mudar todo o processo. Trabalhar com o Blanck foi muito legal porque a gente mandava coisas para ele e imediatamente nos respondia o que mais gostava. Ele trabalhava nas faixas e depois a gente escolhia o que mais gostava de seu trabalho. Já com Leo, foi como entrar em estúdio com um produtor altamente experiente, que pode equilibrar tudo que a gente queria da música com seu próprio estilo. Para nós, foi uma maneira muito diferente de trabalhar, mas foi uma honra e um prazer trabalhar com eles.
Em breve vocês irão para a estrada mostrar as canções de Violence. Qual tipo de experiência vocês querem proporcionar aos fãs?
Queremos que eles possam se desconectar. Tentaremos dar um tipo de escape para eles. Claro, queremos que eles se divirtam com as novas músicas, mas que também reflitam seriamente sobre elas. Este é o nosso maior esforço neste sentido.
_____________________________
Violence foi liberado oficialmente nas principais plataformas digitais e de streaming na madrugada desta sexta-feira (9) abrindo mais uma etapa na carreira da banda britânica.
O post RL ENTREVISTA: Inspirados pela vida real, o Editors fala sobre o novo álbum e sonha com calor brasileiro apareceu primeiro em Portal ROCKline | É só rock'n'roll!!!.
Fonte: http://portalrockline.com.br/rl-entrevista-inspirados-pela-vida-real-o-editors-fala-sobre-o-novo-album-e-sonha-com-calor-brasileiro


Pedro


Posted in:
0 comentários:
Postar um comentário