Pearl Jam recebe amigos do Red Hot Chili Peppers e faz discurso por igualdade de gênero em show no Rio

Foto: Lucas Tavares

Pouquíssimas bandas que são escaladas para o Lollapalooza têm o privilégio de fazer shows grandes fora do festival. O Pearl Jam é exceção à regra e, em sua quarta vinda ao Rio de Janeiro, colocou cerca de 50 mil pessoas no Maracanã nesta quarta-feira (21). A conexão estabelecida entre banda e o público carioca faz de cada show na Cidade Maravilhosa um momento especial. Eddie Vedder voltou a pedir desculpas pelo mau português e chegou a se enrolar um pouco para dizer palavras como “mãe”, “filha” e “irmã”. Mas o discurso do vocalista sobre igualdade de gênero era sério. “Só os homens fracos não apoiam as mulheres. Essa é para os homens fortes o bastante que ajudam na luta por igualdade“, disse o vocalista um pouco antes de sacar “Leaving Here”, regravada pela banda em 1996 para uma compilação cujo lucro obtido financiou aulas de autodefesa para mulheres.

“Estamos muito felizes por estar de volta ao Maracanã. Vendo vocês, percebemos o quanto sentimos saudades. Sempre pensamos no Brasil e adoramos tocar para vocês.” (Eddie Vedder)

O terceiro show do Pearl Jam em pouco mais de um ano e meio começou com “Release” (1991) – cantada a plenos pulmões -, a delicada “Low Light” (1998) e “Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town” (1993), formando um trinca para acalmar os ânimos exaltados do público. A partir de “Go” (1993), o que se viu foi uma banda com uma energia inesgotável e emendando sons mais rápidos como a b-side “All Night” (1996), passando pela furiosa “Animal” (1993) e clássicos como “Given To Fly” (1998), “Jeremy” (1991), “Corduroy” (1994) e “Even Flow” (1991).

Enquanto Vedder reverenciava seus companheiros de banda – chegou a chamar o baixista Jeff Ament de “xerife” e ganhou o côro do público – , quem assistia a tudo da lateral do palco eram ninguém menos que Chad Smith e Josh Klinghoffer, baterista e guitarrista do Red Hot Chili Peppers, que também se apresentarão no Lollapalooza neste fim de semana. O vocalista dedicou a singela “Wishlist” (1998) à banda californiana, com quem o Pearl Jam excursionou bastante em seu início de carreira. Pouco tempo depois, o baterista foi convidado ao palco “para tocar uma música que nunca ouviu”, brincou Vedder. Tratava-se da recém-lançada “Can’t Deny Me”, que acabou contando com Chad Smith espancando uma espécie de agogô.

“Tem um coisa boa que acontece quando o seu país tem um líder terrível: isso faz com que as pessoas se deem conta de que precisam se unir e se tornarem os líderes.” (Eddie Vedder)

Antes de encerrar a primeira parte do show, Vedder sacou a guitarra verde construída pelo fã Sérgio Vedder em 2015 (relembre aqui a história) e mencionou seu nome ao empunhá-la para os primeiros acordes de “Porch” (1991). Durante a música, o vocalista voltou a usar uma máscara do presidente dos Estados Unidos Donald Trump e dançou de forma desengonçada para o público.

Na volta ao palco, Vedder e seus companheiros enfileiraram mais alguns clássicos como “Daughter” (1993), “Do The Evolution” (1998), “Black” (1991) e “Better Man” (1994). A sequência final com “Alive” (1991) teve a participação de Josh Klinghoffer, que triplicou as guitarras ao lado de Mike McCready e Stone Gossard. Vedder chegou a errar as primeiras frases de um dos maiores sucessos da banda e entornou sobre a cabeça uma garrafa inteira de vinho. Em “Rockin’ In The Free World”, a festa ficou completa com Chad Smith voltando ao palco e revezando o lugar na bateria com Matt Cameron.

E já com as luzes do estádio acesas, “Yellow Ledbetter” encerrou os trabalhos após duas horas e 45 minutos. Mas não sem antes um passeio do vocalista pelo fosso do palco, onde se aproximou dos fãs e chegou a ganhar um par de alianças de uma delas. Sem jeito, Vedder deu um abraço que certamente deixou a menina feliz.

É preciso reconhecer que o vocalista não estava em seus melhores dias. Errou a letra de “Alive” – certamente uma das canções que mais cantou na vida -, assim como penou para acertar os acordes de “Leaving Here” e chegou a desafinar bastante em “Can’t Deny Me”. Mas em sua segunda apresentação no Maracanã, o Pearl Jam supera as adversidades com carisma e marca mais um golaço no Maior do Mundo. Agora só no Lollapalooza Brasil, neste sábado (24). Porém, os ingressos já estão esgotados.

>>> Lollapalooza 2018: o que esperar do Pearl Jam

SETLIST:
Release
Low Light
Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town
Go
All Night
Animal
Given To Fly
In Hiding
Jeremy
Corduroy
Even Flow
Immortality
Wishlist
Mind Your Manners
Lightning Bolt
Garden
Can’t Deny Me
Porch

BIS:
Sleeping By Myself
Inside Job
Daughter / W.M.A.
Do The Evolution
Black
Leaving Here (Edward Holland Jr. cover)
Blood
Better Man
Alive
Rockin’ In The Free World (Neil Young cover)
Yellow Ledbetter

*** “Faithfull”, “Let The Records Play”, “Parachutes” e “Baba O’Riley” estavam previamente selecionadas no setlist, mas foram trocadas por “In Hiding”, “Jeremy” e “Rockin’ In The Free World”.

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Antes do show:

Na tarde desta quarta-feira, o Pearl Jam divulgou – como de costume – o pôster oficial do show que aconteceria horas depois no Maracanã. A ilustração onde pássaros da fauna brasileira carregam fuzis com uma favela ao fundo causou comoção nas redes sociais. O pôster foi criado pelo artista Ravi Amar Zupa. “Essa obra é uma homenagem ao Rio de Janeiro, particularmente às pessoas das comunidades que, apesar da obscena desigualdade, encontram maneiras de construir cidades nas montanhas“, explicou o artista. Veja abaixo o pôster, que foi vendido na loja oficial da banda por R$ 150.

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Fonte: http://portalrockline.com.br/pearl-jam-recebe-amigos-do-red-hot-chili-peppers-e-faz-discurso-por-igualdade-de-genero-em-show-no-rio

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