O Brasil é um celeiro de grandes bandas de rock, fato. O nordeste então, a todo momento, nos apresenta grupos que não ficam a dever para nenhum artista estrangeiro. E a galera do Selvagens à Procura de Lei é a prova viva disso. Os caras estão lançando o DVD “Selvagens à procura de lei ao vivo no Poço do Draga” onde tocam para um público de 20 mil pessoas! A gente bateu um papo com o Gabriel Aragão, vocal e guitarra da banda, e além desse lançamento, falamos sobre política, shows na Rússia e na Argentina e muito mais.

Por Paulinho Coruja.

ROCKline: Nos conte sobre a história da banda.
Gabriel Aragão (vocal e guitarra): A Selvagens à procura de lei é um projeto que eu criei em 2009, mas que acabou só se tornando uma banda efetivamente em 2010 quando eu me juntei com o Nicolas (bateria) que era meu vizinho de prédio. O Rafael eu conheci na faculdade e o Caio, como já tocava com o Rafael, acabou sendo trazido por ele e nós, a partir daí, tínhamos de fato uma banda.

Para quem ainda não conhece o som de vocês, como o Selvagens pode ser classificado?
É difícil classificar o nosso som porque eu acredito que rock é muito mais do que guitarras distorcidas. Pra mim, rock é atitude, é estar ao lado das minorias e é assim que a gente trabalha. Cada disco nosso tem uma pegada diferente, é um o oposto do outro, mas a gente transita ali pelo Indie, o pós-punk, rock anos 2000, psicodelismo e muita música brasileira.

Depois de 8 anos e 3 discos, vocês se apresentam em Fortaleza, cidade natal da banda, para um público de 20 mil pessoas. Como foi captar essa vibe? Vocês esperavam tanta gente presente?
A gente vinha constantemente tocando no festival Maloca e percebemos que a cada vez que tocávamos, vinha mais gente. Eu lembro de uma edição aonde colocaram a gente num palco pequeno numa ruela e deu tanta gente que o sistema de som não foi suficiente e as caixas queimaram porque nós tivemos que colocar o som no máximo. *risos*
Como os shows estavam cada vez mais cheios, nós convidamos o Paul Ralphes para produzir esse show e a gravação, ensaiamos 8 horas por dia e entramos tão concentrados pra tocar que eu nem percebi que haviam 20 mil pessoas no lugar. Eu só percebi isso quando vi a imagem do drone. Foi uma loucura!

Gravar na cidade natal é diferente, traz uma responsabilidade a mais por estar junto da família, dos amigos?
A gente sempre encara todo show com muita responsabilidade, mas tocar em Fortaleza é diferente. A gente toca mais solto, é a nossa terra, então fica sim mais fácil. Hoje a gente mora em São Paulo, é a nossa segunda casa e aqui também é muito bom, mas tocar no lugar aonde nascemos é realmente muito legal e a gente fica muito relaxado porque é onde tocamos para mais pessoas.

O primeiro single é “Brasileiro”, música de alto teor político. Com a campanha presidencial tão polarizada como foi, a relação banda x público foi afetada?
A relação não foi afetada como um todo, mas essa música tem uma história interessante: eu a escrevi em 2012 e a Universal (gravadora da banda) resolveu usar ela como single, o que não era nosso plano inicial. Aí, duas semanas depois de lançada, explodiram as manifestações pelo país. Eu lembro de conversar com meu primo em Fortaleza e ele me dizer que as pessoas estavam cantando a música durante as manifestações. Eu achei massa, mas muita gente que nos seguia passou a nos acusar de ser uma banda anti-PT porque além de “Brasileiro”, eu também sempre critiquei o mensalão, até porque não havia como ficar calado. Com isso, ficou parecendo que, na minha visão, o PT era o pai da corrupção no país, o que não é verdade. Aliás, se tem algo que eu não entendo é a crítica ao populismo do Lula e ninguém perceber que o Bolsonaro faz exatamente a mesma coisa. E o pior é que, nas redes sociais, quando a gente falava dele, vinha um exército de pessoas – que eu não sei se são perfis reais ou fakes – defendendo o cara com muita agressividade. É surreal. Aliás, é tão surreal quanto perceber que parte do nosso público caiu nesse papinho do Bolsonaro. E não é uma exclusividade dos mais velhos não. Muita gente jovem caiu nessa, o que é uma pena.

Com esse novo trabalho, quais são os objetivos que a banda colocou como meta que ainda não foram atingidos?
O primeiro objetivo foi atingido que era o de registrar tudo isso ao vivo. Sempre foi a vontade da banda lançar um registro ao vivo porque eu quero olhar essas imagens daqui a alguns anos e mostrar pra molecada como foi massa ter uma banda de rock, tocar em Fortaleza, de cabelo comprido como estava o meu e com todo mundo cantando. Eu queria ter um registro como é o DVD do Los Hermanos no Cine Íris com as pessoas cantando as músicas a plenos pulmões. Esse registro serve também pra gente fechar um ciclo depois de 3 discos que, aliás, eu trato como infância, adolescência e jovem-adulto. Com isso, eu espero que esse seja o início de uma nova fase pra gente, ainda mais promissora.

Vocês já são uma realidade no nordeste. O que falta pra banda chegar com a mesma força em todo o país?
A gente tá aqui em São Paulo há 5 anos e as coisas estão caminhando bem. Nós já nos apresentamos no Lollapalooza, tocamos na Rússia durante a Copa – aliás, fomos a única banda de rock selecionada pra isso – então, é inegável que as coisas estão acontecendo. Em Fortaleza, a impressão que eu tenho – e eu não sei se a palavra certa é essa – mas me parece que nós já batemos no nosso teto, já conseguimos tudo que poderíamos conseguir lá: tocamos no carnaval, tocamos no réveillon, agora para vinte mil pessoas. Não sei, sinceramente, se temos mais alguma coisa a conquistar em Fortaleza, então, chegou a hora de depois de cinco anos em São Paulo, conquistar no sudeste do país.

Vocês são de Fortaleza, fazem rock, cantam em Português e já se apresentaram na Argentina e na Rússia. Não tá na hora dessa história tão peculiar virar um filme não?
Eu acho isso tudo muito massa, tenho muita vontade, mas ao mesmo tempo tenho medo também porque eu acredito que eu vou me sentir muito velho vendo tudo isso documentado! *risos*
Mas, sim, tenho vontade. Na real, eu gostaria de escrever um livro em comemoração a esses dez anos de carreira da banda contando todos os perrengues que a gente passou, com fotos, tudo. Até porque, o nosso primeiro disco era tão simples que nem encarte tinha! Então, quem sabe a gente não lança tudo em vinil também com encarte, comentários dos integrantes e etc?

E agora, quais são os planos da banda após esse lançamento?
Esse DVD sai metade agora e a outra metade em Janeiro de 2019. Em dezembro, sai um single inédito e para o próximo ano nós teremos um disco novo. As músicas já estão prontas, o produtor já foi escolhido, o conceito do disco tá fechado e nós vamos iniciar agora a pré produção para escolher timbres, instrumentos e etc. 2019, definitivamente, promete!

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Fonte: http://portalrockline.com.br/171821-2

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