Greta Van Fleet surpreende em álbum de estreia e se coloca à beira da glória internacional ~ Curte Rock

Certamente o Greta Van Fleet ama o rock and roll muito mais do que você. O pequeno grupo da cidade de Michigan se formou em 2012 e é composto por três irmãos – Josh Kiszka, Sam Kiszka e Jake Kiszka – e seu amigo Danny Wagner. Depois de seis anos, finalmente estão à beira da glória internacional.

De tempos em tempos alguma banda é apontada como a salvação do rock and roll. O Nirvana teve seu momento, assim como os Strokes e tal qual o Greta Van Fleet. Em comum entre elas, o fato de seus integrantes terem por volta dos 20 anos. Por isso, não é de surpreender que uma banda jovem que passou os últimos anos criando um burburinho ensurdecedor agora esteja esgotando shows em locais de tamanho médio antes mesmo de seu primeiro álbum ser lançado. Jovens fãs adolescentes gritam e choram em concertos, enquanto muitas das gerações mais velhas também foram atraídas e encorajadas a descobrir que alguns jovens de hoje ainda sabem tocar bem seus instrumentos e podem tocar… rock and roll.

Apresentado como o álbum de estreia, na verdade Anthem of the Peaceful Army não é a primeira gravação deles: antes vieram quatro músicas no EP Black Smoke Rising. Na sequência, essas quatro faixas somaram-se a outras quatro e formaram o EP From the Fires. Nenhuma dessas 8 músicas – muitas das quais são impressionantes no set ao vivo e já conquistaram milhões de visualizações no YouTube e streams no Spotify – foi inserida na tracklist do álbum que chega nesta sexta-feira (19) às plataformas digitais. São 10 músicas distribuídas em 46 minutos, nas quais várias foram testadas durante anos em turnês anteriores. O novo material se divide em três categorias gerais: rock de arena, baladas e aquelas com uma abordagem mais épica.

“Age of Man” está na categoria épica, uma gravação lenta que deixa no ar se a banda já está amadurecendo e vislumbrando outras direções. A gloriosa progressão de encerramento da música é antológica, encharcada de teclados e gritos. Seria uma maneira bacana de fechar o álbum, mas o seu posicionamento como a faixa de abertura diminui um pouco o impacto. Ainda assim, “Age of Man” continua sendo uma das melhores músicas novas oferecidas aqui.

Dois rocks rápidos são as próximas, uma área em que a banda se destaca e onde eles já construíram sua reputação. “The Cold Wind” é um bom rock and roll antigo, nada extravagante, exceto por alguns overdubs de guitarra, e o tipo de seção rítmica e lamento vocal que eleva o material de padrão. “When the Curtain Falls” foi o primeiro single do álbum e mais uma vez combina o clássico blues rock com um breve interlúdio reflexivo no meio que narra a história de uma estrela de Hollywood que morre.

“Lover, Leaver (Taker, Believer)” aumenta a performance do Greta Van Fleet de nível, estendendo-se ao longo de 6 minutos de uma jam bluesy, e uma seção intermediária onde a guitarra de Jake se entrelaça com os vocais de Josh para um clímax emocionante. Ao longo de “Lover, Leaver” e as faixas que o precedem, a música é apoiada satisfatoriamente pelo sólido groove de Sam Kiszka e especialmente pelas batidas de Danny Wagner. É preciso uma seção rítmica como a do Greta para fazer o rock verdadeiramente rolar, e esses caras entregam seu melhor. Na metade do álbum, o ouvinte tem alguns momentos para recuperar o fôlego.

Semelhanças com outra banda de rock clássico podem ser motivo de consagração para muitos fãs de música. Eterno vocalista do Led Zeppelin, Robert Plant tentou contornar a situação sobre a acusação do Greta soar como o Led Zeppelin dos primeiros anos. “Bem, nós poderíamos observar que o Greta Van Fleet cita suas influências diretas do blues, tudo o que realmente inspirou o Led Zeppelin em primeiro lugar. Eles tocam covers de Howlin’ Wolf em seus shows. E isso pode soar aos nossos ouvidos como muito do material inicial do Zep.”

Anthem of the Peaceful Army não é um álbum revolucionário como Led Zeppelin II ou Nevermind, mas satisfaz tremendamente aos ouvidos. O Greta Van Fleet é uma estrela reluzente no momento e captura este retorno a instrumentos reais tocados com paixão e alegria. Um “salve” ao bom e velho rock and roll!