RL ENTREVISTA: Harry McVeigh, do White Lies, fala sobre o próximo disco do trio: “É o mais pessoal que já escrevi”

O White Lies está se aproximando da maioridade. Formada em Londres em 2002 pelo baixista Charles Cave e pelo baterista Jack Lawrence-Brown, a banda ganhou a adição do guitarrista e vocalista Harry McVeigh dois anos depois. Em fevereiro de 2019 o trio lançará o quinto álbum de estúdio, Five. McVeigh bateu um papo com o Portal ROCKline e falou sobre as inspirações por trás deste novo trabalho, as mudanças no processo de composição e gravação, bem como o desejo de retornar ao Brasil para fazer o máximo de shows possível. Confira:

ROCKline – Como foi o processo de composição de “Five”?
Harry McVeigh – Foi muito trabalhoso, mas, ao mesmo tempo, muito prazeroso. A gente resolveu que queríamos um disco grandioso, porém, variado e isso fez com que a gente trabalhasse por meses uma média de 11 horas seguidas por dia, tendo intervalos apenas para comer e tomar café (risos). Foi também a primeira vez que dividimos o processo de composição do disco entre dois países: uma parte escrevemos em um quarto da minha casa na Inglaterra e outra parte na América, e isso, por mais que muita gente não acredite, influencia muito no resultado final. Fazendo um balanço final, a gente tá feliz demais, porém exaustos! (risos)

RL – Aproveitando todo esse processo novo, o que efetivamente faz do “Five” um disco diferente dos anteriores?
Definitivamente, eu nunca escrevi um disco tão pessoal como esse. Nós vivemos em um mundo completamente conectado, com experiências pessoais das mais variadas disponíveis a todos em todas as redes sociais, porém, em contrapartida, nunca estivemos tão divididos e vivendo em nichos como agora. É claro que eu tenho consciência de que temos uma base de fãs muito forte por todo o mundo, mas eu acredito que esse isolamento acabou me atingindo também e com isso, o disco é um retrato fiel de nós três, porém extremamente pessoal para mim. E eu tenho certeza que quando o disco sair, muita gente vai se identificar com o que cantamos pois as minhas agonias e meus sentimentos certamente são as mesmas de quem nos ouve. Por isso, inclusive, que a identificação conosco é tão forte! (risos)

RL – “Believe It” o primeiro vídeo do disco, foi filmado em Tijuana, no México, tem uma mensagem forte mas vocês dizem que não é uma música política. É difícil não conectar essa letra com a política? Afinal de contas, Tijuana faz fronteira com os Estados Unidos, há a questão da imigração, Trump, o muro…
Sim, eu confesso, é muito difícil por tudo que está no entorno dessa questão. Porém, há algumas considerações a serem feitas: o diretor, David Pablos, é natural da cidade e é um cara de quem nós somos muito fãs não só do trabalho dele como da pessoa. Depois, a gente deixou ele comandar todo o processo porque a nossa confiança nele é total e sabíamos que teríamos um lindo trabalho em mãos, que foi exatamente o que aconteceu. Por último, a primeira coisa que vem a cabeça para uma proposta de trabalho dessas é mostrar justamente o que acaba sendo mais sensível para aquele momento, mas há muito mais do que isso, logo, porque não mostrar o coração de tudo e não apenas o exterior que pode mudar a qualquer momento? A cidade é linda, o povo é muito bonito e de um coração muito generoso. Há muito mais do que apenas imigrantes ali. Então, quando ele nos comunicou que seguiria por esse caminho a gente ficou encantado com a decisão e muito confiantes porque ele, melhor do que ninguém, sabia aonde estava pisando, o que estava contando e também o que estava fazendo.

RL – As letras sempre foram um ponto forte da banda. Quais outros temas você trouxe no “Five”?
Mesmo sendo um disco muito pessoal, eu sigo muito ligado às relações interpessoais e também a tudo que nos afeta como um todo. Há uma maneira minha de escrever, por muitas vezes muito lúdicas, que fazem com que eu escreva, propositalmente, para aguçar as mentes das pessoas. Isso pode soar um tanto quanto megalomaníaco, mas eu juro, não é. Se trata apenas de uma crença minha de que uma boa letra junto de uma boa música faz com que você volte sempre aquele material e a cada audição ou leitura, faça novas descobertas ou te impacte de outra forma. Mesmo quando eu escrevo sobre assuntos espinhosos, eu sigo por esse caminho porque acredito que tudo é a maneira como você se comunica e isso pode abrir ou fechar muitas portas.

RL – São 10 anos de banda, 5 discos e várias turnês pelo mundo. Depois desse tempo, está tudo mais fácil ou ficou mais difícil manter a banda nos trilhos?
Essa é uma pergunta muito interessante, porém, dependendo da banda, muito capciosa (risos). No nosso caso, temos algo que eu considero uma facilidade: nós estudávamos juntos na mesma faculdade, logo, quando a banda começou a acontecer, nossa relação já era muito sólida. É claro que brigamos, nos desentendemos e também discordamos, porém, é uma relação que possui muito mais altos do que baixos. E eu tenho plena consciência de que isso é um privilégio. Por mais que hoje nós tenhamos uma estrutura que nos permite viajar e tocar com certo conforto e tranquilidade, nem sempre isso é garantia de paz, já que é um trabalho exaustivo sim, além de nos impor muitas ausências e sacrifícios. Tudo isso mexe com o ser humano. E conosco não é diferente. Mas, como disse, nossa relação de amizade vem de antes do trabalho e isso facilita, além de estarmos mais velhos e tolerantes.

RL – E quanto a nova turnê? Teremos a chance de ver vocês aqui no Brasil?
Sendo muito franco, a gente sempre inclui o Brasil nos nossos desejos quando planejamos uma turnê, mas não tem sido fácil. Eu não entendo exatamente o porque, mas, de uns anos pra cá, ficou tudo mais difícil de fazer shows no Brasil, tudo ficou muito mais caro. O nosso escritório nesse momento já está fechando as datas para o próximo ano, estamos muito animados com esse disco e também com a turnê e, se eu posso te fazer uma promessa é: nós vamos nos empenhar 110% em ir ao Brasil nessa turnê e passar pelo máximo de cidades possível. Mas, infelizmente, não depende só de nós. As lembranças que temos daí são ótimas e, tudo se adequando, logo estaremos por aí.

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Fonte: http://portalrockline.com.br/rl-entrevista-harry-mcveigh-do-white-lies-fala-sobre-o-proximo-disco-do-trio-e-o-mais-pessoal-que-ja-escrevi

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