De volta ao Rio, Radiohead prioriza canções dos três últimos álbuns em set pouco convencional

Foto: Rodrigo Ferraz

Chegou ao fim a espera de nove anos pelo reencontro do Radiohead com seus fãs brasileiros. Nem mesmo as sucessivas falhas no som comprometeram a apresentação enérgica dos britânicos que trouxeram a elegante turnê do álbum A Moon Shaped Pool à América do Sul com dois anos de “atraso”. Envoltos em clima etéreo e multicolorido, o vocalista Thom Yorke, os guitarristas Jonny Greenwood e Ed O’Brien, o baixista Colin Greenwood e o baterista Phil Selway hipnotizaram o público de 10 mil pessoas (segundo a organização do Soundhearts Festival) na noite desta sexta-feira (20), na Jeunesse Arena.

Com 13 minutos de atraso – o que é uma raridade para bandas britânicas -, o quinteto de Oxford (reforçado pelo percussionista Clive Deamer) subiu ao palco ao som de “Daydreaming” (2016), delicada canção que faz menção à artista plática Rachel Owen (companheira de Yorke durante 23 anos, e mãe de seus dois filhos, vítima de câncer em 2016). Do estágio do sonho ao abrupto despertar de “Ful Stop” (2016), um belo exemplo da fusão de rock e música eletrônica, o show é pontuado por esta alternância entre canções melodiosas – casos de “Nude” (2007) e “No Surprises” (1997) – e pulsações eletrônicas – “Bloom” (2012) e “Idioteque” (2000).

De seu universo particular, o Radiohead montou um setlist com poucas convenções. De 27 canções, 15 delas saíram de seus três últimos álbuns (seis de In Rainbows (2007), três de The King Of Limbs (2012) e outras seis do já mencionado A Moon Shaped Pool). Ainda assim, houve espaço para cinco clássicos de OK Computer (1997), o que não é pouca coisa. Na contramão disto, “Street Spirit (Fade Out)” foi a única representante de The Bends (1995). E o restante do repertório foi pinçado de outros trabalhos como Hail To The Thief (2003), Amnesiac (2001) e o intrigante Kid A (2000).

Thom Yorke não é exatamente um frontman que conversa com a plateia. Mas, por vezes, soltou sucessivos “obrigado” à plateia e divertiu o público com suas dancinhas pra lá de esquisitas (como não lembrar do clipe de “Lotus Flower”, de 2012?). A comunicação do Radiohead com seu público se estabelece única e exclusivamente pela música. O que explica o coral inebriante em canções como “Let Down” (1997) e, principalmente, “Weird Fishes/Arpeggi” (2007). Aqueles que não são tão ligados no repertório da banda, mas que possuem ouvidos mais atentos, descobriram que a canção faz parte da trilha internacional da novela O Outro Lado do Paraíso (TV Globo). As partes vocais feitas por Ed O’Brien foram assumidas pelo público em volume tão alto que o guitarrista por vezes deixava os fãs assumirem seu papel enquanto os observava com sorriso de orelha a orelha.

Na saída do primeiro bis, um grupo de fãs na frente do palco pedia por uma canção que raramente aparece nos shows da banda. E um Thom Yorke meio contrariado acabou voltando sozinho para o palco com um violão e entregou uma versão acústica de “True Love Waits” (1995), em um de seus raríssimos momentos de concessão. Duas curiosidades: a faixa só ganhou uma versão de estúdio definitiva em 2016 e já foi eleita em pesquisas (e por muitos fãs) como a canção mais triste do repertório da banda.

É verdade que não teve “Creep” (1993), “My Iron Lung” (1994) ou “Fake Plastic Trees” (1995). E nem precisava. Após quase duas horas e meia, fãs em êxtase berravam como se não houvesse amanhã a letra de “Paranoid Android” e, principalmente, “Karma Police”. Após o grupo deixar o palco, o público ficou cantando o trecho “For a minute there, I lost myself, I lost myself” na tentativa de fazê-los voltar ao palco para um terceiro bis. Não deu. Mas o Radiohead chega neste domingo (22) ao Allianz Parque, em São Paulo, com pelo menos 50 canções ensaiadas – o que promete ser mais um show de surpresas para os fãs paulistanos. Por enquanto, são os cariocas que estão em estágio de sonho.

Clique para exibir o slide.

SETLIST:
Daydreaming
Ful Stop
15 Step
Myxomatosis
Lucky
Nude
Pyramid Song
Everything In Its Right Place
Let Down
Bloom
Reckoner
Identikit
I Might Be Wrong
No Surprises
Weird Fishes/Arpeggi
Feral
Bodysnatchers

BIS 1:
Street Spirit (Fade Out)
All I Need
Desert Island Disk
Lotus Flower
The National Anthem
Idioteque

BIS 2:
True Love Waits
Present Tense
Paranoid Android
Karma Police

O post De volta ao Rio, Radiohead prioriza canções dos três últimos álbuns em set pouco convencional apareceu primeiro em Portal ROCKline | É só rock'n'roll!!!.


Fonte: http://portalrockline.com.br/de-volta-ao-rio-radiohead-prioriza-cancoes-dos-tres-ultimos-albuns-em-set-pouco-convencional

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Enterprise Project Management