Seria setembro de 1991 o melhor mês de todos os tempos da história da música?
Foram 30 dias diabólicos: o Nirvana lançou “Nevermind”; o Primal Scream gritou “Screamadelica”; o Guns N’ Roses vieram em dose dupla com “Use Your Illusion”; o Red Hot Chili Peppers editou “Blood Sugar Sex Magik”; o Hole chegou com “Pretty On The Inside”; e o Pixies veio com “Trompe Le Monde”. Imbatível?
Tudo começou no dia 17 de setembro de 1991, com a chegada do Hole. “Pretty On The Inside” foi o primeiro álbum de estúdio da banda formada por Courtney Love e Eric Erlandson. Produzido por Kim Gordon (Sonic Youth) e Don Fleming (Gumball), é um disco com muita distorção e letras chocantes sob a ótica de um estilo punk desleixado, que seria deixado de lado pela banda nos discos seguintes. Apesar da aclamação da crítica, a vocalista Courtney Love, em anos posteriores, referiu-se ao álbum como “inaudível”.
Contudo, o Hole passou despercebido naquele 17 de setembro. Pouco antes do grunge invadir de vez o mainstream, o Guns N’ Roses fabricou aquele que seria o último suspiro de sua supremacia comercial. A banda decidiu apostar em dois álbuns duplos, ou seja: quatro LPs de uma só vez. Um exagero, de acordo com o guitarrista Slash – mas que combinava perfeitamente com o modelo robusto do grupo naquele momento. “Use Your Illusion I & II” traz um conjunto de canções ambiciosas, com direito a piano e corais femininos, e que deixam um pouco de lado o hard rock rasgado de “Appetite For Destruction”.
Seis dias depois, mais precisamente no dia 23 de setembro, foi a vez de outros dois trabalhos enérgicos chegarem: No final dos anos 80 o rock teve uma proximidade com a música eletrônica que nunca mais se repetiu. Guitarras foram misturadas a batidas arrastadas de house no que veio a ser chamado, mais tarde, de acid-house. No meio disso tudo, mas não necessariamente batendo dentes em Manchester, um cara chamado Andrew Weatherall encontrou o Primal Scream de Bobby Gillespie pra botar em um disco o melhor dos dois mundos: “Screamadelica” tem batidas eletrônicas indefiníveis, guitarras em profusão, vocais próximos do gospel e um gosto amargo de pastilha.
Já o Pixies vivia um inferno astral quando gravou “Trompe Le Monde”, com os integrantes mal falando entre si. Este álbum em particular acabou sendo o momento em que Black Francis colocou para fora algumas coisas pessoais – desde seu fascínio por OVINIS até sua decepção com as atitudes de seus parceiros de grupo. Muitos consideram como “o primeiro álbum solo” do vocalista, uma vez que a baixista Kim Deal praticamente não teve envolvimento no trabalho. O que tinha em comum com os álbuns anteriores era apenas o barulho característico da banda.
Não foi de graça que “Smells Like Teen Spirit” do Nirvana é, segundo o próprio Kurt Cobain, uma tentativa quase que desesperada de fazer algo do calibre dos Pixies. E foi no dia 24 de setembro que este desejo se materializou na forma de “Nevermind”. Responsável pelo que muitos dizem ser a última grande revolução do rock, é impossível negar a influência que este grande disco tem até hoje, não só na música, mas no estilo de vida de toda uma geração, e que mudou o mercado musical pra sempre. Mas pode um disco causar tamanha mudança de paradigmas? Certamente “Nevermind” não foi o responsável solitário por isso, mas pode ser visto como a faísca em cima da pólvora que vinha se amontoando há algum tempo, o que não é pouco mérito, obviamente.
E fechando a lista, outro clássico lançado em 24 de setembro foi “Blood Sugar Sex Magik”. Mesclando o rock alternativo com a música funk de maneira fantástica, o trabalho provou-se como o divisor de águas da carreira do Red Hot Chili Peppers. Embora se trate de uma evolução natural do que a banda havia apresentado em “Mother’s Milk”, concepções mais pesadas e doses lisérgicas foram acalmadas, a fim de se buscar uma aceitação ainda maior por parte do grande público – mas sem deixar, em nenhum momento, que a qualidade se perdesse. Buscou-se a construção de um disco completo, agarrado a uma sonoridade ineditista, mas com o poder de lançar músicas de sucesso comercial. Uma ideia que deu certo, visto a existência de singles poderosos como “Give It Away”, “Under The Bridge” e “Suck My Kiss”.
Ouça esta playlist e mate a saudade de uma época mágica do rock:
Fonte: http://ift.tt/2cG4rAv
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