Belas jogadas melódicas, uma coleção de riffs, energia inesgotável e hits. Na madrugada desta sexta-feira (22), o Aerosmith deu ao público (quase) tudo que queriam ouvir em sua sétima passagem pelo Brasil, mas curiosamente a primeira no Rock In Rio. Aos 69 anos, Steven Tyler continua cantando bem, mas agora conta com vocais de apoio. Mais cedo, o guitarrista Joe Perry, 67, já havia participado do show de Alice Cooper no Palco Sunset. Ambos trabalharam juntos no Hollywood Vampires, grupo que tocou na última edição do festival, em 2015. Juntos, os “Toxic Twins” ainda têm muita lenha para queimar, e ao lado do guitarrista Brad Whitford, do baixista Tom Hamilton e do baterista Joey Kramer fizeram uma apresentação exuberante, com algumas ressalvas.
Com dez minutos de atraso, surge no telão um vídeo “retrospectiva”, em ordem cronológica, com capas de discos, fotos de shows e trechos de videoclipes até chegar a uma logo futurista com o nome da banda. Na sequência, Joe Perry e Steven Tyler surgem na ponta da passarela frontal e tocam a pouco conhecida “Let The Music Do The Talking” (1985), que provou não ter sido a melhor opção para abrir o show. Mas na sequência, “Love In An Elevator” (1989) ajusta os ponteiros e prepara o terreno para o primeiro grande momento da noite: “Cryin'” (1993) faz com que as meninas resolvam subir nos ombros de seus namorados e sintam-se a própria Liv Tyler e Alicia Silverstone, estrelas do videoclipe que faturou diversos prêmios da MTV em 1994.
Apesar de ter sido um momento em que Joe Perry destila talento ao tocar uma steel guitar e que Steven Tyler desceu do palco e tirou foto com o celular de uma fã, “Rag Doll” (1987) foi um número dispensável, onde poderia ter entrado “Jaded” (2001), uma canção com refrão chiclete, pronta para fazer o público pular. Na sequência de “Falling In Love (Is Hard On The Kness)” (1997), Joe Perry assume os vocais em duas canções do Fleetwood Mac – “Stop Messin’ Around” (1968) e “Oh Well” (1969) -, tendo a última se transformado numa jam session que resgatou as raízes blueseiras da banda por quase 15 minutos. Ainda que Joe, Brad, Tom e Kramer tenham dado uma verdadeira “aula”, para um público de festival foi um momento disperso onde muitos aproveitaram para pegar cervejas.
Era hora do frontman retomar as rédeas do público e chamá-lo para si. “Vamos lá, não vamos ficar quietos agora”, diz Steven antes de arrancar com os primeiros versos de “Crazy” (1993), que fez celulares aparecerem novamente aos montes nas mãos do público. O vocalista passou a dialogar mais com os fãs mais próximos da grade e sugeriu a um rapaz que aquele era o momento certo para beijar a menina ao lado. E vieram os acordes de “I Don’t Want To Miss A Thing” (1998), cantada em uníssono pela Cidade do Rock. Nem mesmo o arroto sonoro que Steven solta no microfone ao fim de “Eat The Rich” (1993) foi capaz de estragar a aura daquele momento. De todo modo, parte do público já começava a deixar a Cidade do Rock.
A parte final do set principal teve uma versão mais acelerada de “Come Together”, dos Beatles, que o próprio Aerosmith regravou em 1978, além de “Sweet Emotion” (1975) e “Dude (Looks Like A Lady)” (1987), quando Tom e Brad se juntam a Steven e Joe na ponta do catwalk. Enquanto deixavam o palco, a equipe de backstage levou “no braço” o piano de cauda branco para a ponta da passarela. Foi de lá que Steven tocou a indefectível “Dream On” (1973), que também foi entoada com força pelo público, e que ganhou efeitos especiais de fumaça em alguns momentos. Por fim, uma versão de “Mother Popcorn” (1969), de James Brown, foi a deixa para que a banda emendasse “Walk This Way” (1975) e encerrasse os trabalhos após uma hora e 40 minutos.
O Aerosmith alcançou uma comunhão com a plateia que ainda não havia sido vista nesta edição do Rock In Rio, mas a escolha da setlist teve pontos erráticos. Como justificar quatro covers em uma seleção com 17 músicas? Clássicos como “Mama Kin” (1973), “Toys In The Attic” (1975), “Last Child” (1976) ou “Draw The Line” (1977) teriam deixado os fãs puristas mais felizes. De toda forma, o que se viu foi um mais um gigante do hard rock americano que, apesar de ensaiar uma despedida dos palcos, ainda se diverte tocando junto após 47 anos.
SETLIST:
Let the Music Do the Talking
Love in an Elevator
Cryin’
Livin’ on the Edge
Rag Doll
Falling in Love (Is Hard on the Knees)
Stop Messin’ Around (Fleetwood Mac cover)
Oh Well (Fleetwood Mac cover)
Crazy
I Don’t Want to Miss a Thing
Eat the Rich
Come Together (The Beatles cover)
Sweet Emotion
Dude (Looks Like a Lady)
BIS:
Dream On
Mother Popcorn (James Brown cover)
Walk This Way
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